Toda empresa precisa lidar com uma série de despesas, antes que a receita resultante das vendas comece a entrar em caixa. No caso de uma indústria, por exemplo, é preciso comprar os insumos para montar um estoque, pagar funcionários no 5º dia útil do mês e quitar gastos com a infraestrutura, tudo isso antes de ver um retorno.
Por isso, toda empresa precisa dispor de um capital de giro. Isso nada mais é que uma reserva financeira, que irá manter as contas em dia enquanto você não recebe pelas vendas realizadas. Dessa forma, a empresa pode se autofinanciar, ao invés de recorrer ao capital externo para se manter.
Para calcular o capital de giro necessário para manter a sua empresa funcionando e não deixar o caixa no vermelho, é preciso conhecer muito bem as suas contas. Neste post, vamos te explicar como calcular esse valor e usá-lo de maneira responsável.
Como usar o capital de giro
O termo capital de giro se refere ao ciclo financeiro: a movimentação do capital da empresa. Ela começa com o pagamento dos fornecedores, colaboradores e demais despesas, e termina com o recebimento das vendas. No começo de cada mês, esse ciclo recomeça.
Ou seja, o que o capital de giro faz é manter um equilíbrio entre as saídas (custos, gastos e despesas) e as entradas (vendas), evitando que o caixa fique no negativo. Ele se difere do capital inicial, reserva utilizada para começar o negócio e segurar o caixa enquanto o lucro não começa a aparecer.
Como pode ver, em ambos os casos, os empresários precisam investir primeiro e trabalhar para ver o lucro depois de um certo tempo. Isso quer dizer que os gastos serão superiores aos ganhos no início, mas não faltará dinheiro e o retorno virá em seguida, de maneira planejada.
O capital de giro também ajuda no enfrentamento a crises, pois a empresa consegue se manter segura até que a economia volte a crescer. Ele também é importante quando a empresa precisa fazer estoque de determinado insumo ou produto pensando a longo prazo. Isso quer dizer que quanto maior for seu planejamento financeiro, mais estável é o seu negócio.
Como calcular o capital de giro
O valor de capital de giro necessário depende de cada empresa. Para algumas empresas, o capital de giro pode ser menor, pois os recebimentos acontecem com frequência. Mas quando o prazo de recebimento é maior, a empresa precisa se resguardar por mais tempo, mantendo uma reserva suficiente para quitar as despesas durante esse período sem retorno.
Para calcular esse valor é preciso levar em consideração as despesas e custos fixos e variáveis, que são essenciais para que haja a fabricação mensal dos produtos sem interrupção.
Considere primeiro os gastos fixos, aqueles que são previsíveis: folha de pagamento, manutenção de máquinas, manutenção predial, energia elétrica, gastos administrativos, transporte e logística, impostos, e afins. Em seguida, adicione à conta os custos variáveis, ou seja, os custos de produção que variam conforme a quantidade e o valor de matéria-prima, insumos e embalagens utilizados diretamente na produção. Caso haja financiamento com capital de giro e investimentos, elas também devem entrar na conta.
Na outra ponta, é preciso calcular os ativos. Considere o valor que já existe em caixa e na conta bancária da empresa, o valor de estoque e os valores que serão recebidos naquele mês. Em geral, os passivos (saídas) devem corresponder a no máximo 70% dos ativos (entradas), em se tratando de empresa que tem um fluxo de caixa saudável.
Com os dados em mãos, faça o seguinte cálculo para saber qual o valor que deve ser mantido em caixa mensalmente:
Capital de Giro (CG) = Valor das Contas a Receber (VCR) + Valor em Estoque (VE) – Valor das Contas a Pagar (VCP)
Ou também você pode calcular o Capital de Giro Líquido: Sendo assim, há uma fórmula simples: CGL = AC – PC. Em que “AC ” refere-se a ativo circulante (aplicações financeiras, caixa, bancos, contas a receber, dentre outros recursos) e PC corresponde ao passivo circulante (contas a pagar, fornecedores, empréstimos, entre outros).
Esse cálculo deve ser feito com regularidade, para que, caso o caixa seja insuficiente, os gestores possam agir rapidamente. Entenda melhor a seguir.
Como manter o capital de giro
Todo mercado tem altos e baixos, principalmente o mercado de lácteos e alimentos que tem volatilidade considerável, por isso nem sempre as vendas estarão em crescimento constante. Isso significa que podemos manter o capital de giro por alguns meses, até que chega um mês atípico em que as vendas sofrem queda, seja por uma crise ou mudança no mercado.
Quando isso acontece, precisamos agir rapidamente para evitar que o capital de giro seja comprometido. Nesse caso, existem quatro pontos principais que devem ser trabalhados:
- Buscar soluções para evitar a inadimplência dos clientes mesmo em tempos de crise;
- Criar estratégias de venda para não deixar produtos parados no estoque;
- Reduzir gastos, revendo os custos e despesas e renegociando as dívidas;
- Intensificar ações de vendas;
Com essa estratégia, a empresa consegue continuar se autofinanciando, sem a necessidade de recorrer a capital externo para continuar funcionando. Ou seja, a empresa será sempre autossustentável.
Mas se você precisar usar parte do seu capital de giro, não deixe de repor o quanto antes. Se não o fizer e você precisar dele novamente, não haverá a quem recorrer a não ser ao capital externo. Lembre-se que mesmo que seja feito um empréstimo, é necessário garantir que sua empresa tenha condições de se comprometer com a dívida e os juros.
Um dos sintomas mais comuns quando seu fluxo de caixa fica deficitário, é recorrer a empréstimos constantemente ou troca de duplicatas. Esse procedimento quando ocorre com frequência indica que a empresa já corroeu o seu capital de giro.
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7 controles que influenciam o capital de giro
A gestão do capital de giro acontece diariamente por meio do controle de diferentes setores da empresa. Confira a seguir, os principais pontos que devem ter a sua atenção:
Controle de caixa
Registre os dados de entradas e saídas e concilie as contas bancárias e caixa diariamente. Esse hábito permite verificar se há algum erro que precise ser corrigido, ou se está ocorrendo algum desvio de recursos. No segundo caso, é preciso investigar e tomar as medidas cabíveis para recuperar e evitar prejuízos.
Controle bancário e de caixa
Confira o registro de caixa e compare com os depósitos e pagamentos feitos por meio da conta bancário. Observe se todos os valores entraram e saíram corretamente e se o saldo é suficiente para arcar com as contas do dia.
Controle de vendas
Acompanhe o desempenho das vendas diária, semanal e mensalmente para saber se a meta está sendo cumprida. Caso os números não acompanhem o planejamento, é preciso pensar rapidamente em estratégias de marketing e vendas para alcançar o objetivo.
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Controle de recebimentos
Estime os valores que devem ser recebidos a curto e longo prazo e faça a cobrança para evitar a inadimplência. A empresa precisa se organizar especialmente com as vendas a prazo, cujo pagamento será feito em parcelas. Evite também vendas com prazos muito alongados.
Fluxo de Caixa
Adote o procedimento de fluxo de caixa previsto e realizado para que você possa planejar seu fluxo de caixa e corrigir possíveis distorções e entender quais contas estão influenciando mais o seu fluxo.
Controle de despesas
Tenha o hábito de registrar as despesas à medida que elas são criadas. Isso evita que você se engane pensando que o valor existente em caixa não está comprometido. Visualizar as despesas também permite identificar a necessidade ou as oportunidades de reduzir custos.
Controle de estoque
Além de debitar os produtos do estoque após todas as vendas, faça a contagem em frequência adequada para verificar se os valores conferem. Desta forma, você evita erros que podem levar, por exemplo, à venda de algo que não existe, vencimento de produtos parados e desvio dos seus produtos acabados e em processo. O controle de estoque também permite determinar o momento certo de contactar os fornecedores e providenciar a reposição de produtos ou insumos.
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